A planta vai permitir a operação em grande escala de reciclagem de produtos usados na confecção dos refrigeradores. "Ela vai facilitar o recolhimento de CFC (gás clorofluorcarbono), HCFC (Clorotetrafluoroetano), de agentes usados para expandir a espuma e de outros componentes de refrigeradores", diz Tatiana. "Quando liberados, esses gases prejudicam a camada de ozônio que envolve a Terra."
Produção mais limpa - De acordo com a especialista, o País se prepara para uma mudança de tecnologia na produção de bens como refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado. Os gases usados no processo terão de ser substituídos, conforme estipula o Protocolo de Montreal.
No momento, o Comitê Executivo do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal discute os critérios para a liberação de recursos a empresas de países em desenvolvimento para que façam alterações nos processos de produção. "Até 2013, os países em desenvolvimento têm de congelar o consumo (entendido como produção mais importação menos exportação) de HCFC no nível médio observado em 2009/2010", explica Tatiana. "Até 2015, a diminuição do consumo no País desses gases terá de ser de 10% e, até 2020, de 35%."
Para Tatiana, o setor que pode ter mais dificuldade para se adaptar às novas regras é o de ar-condicionado. "Esse segmento ainda tem poucas alternativas, que ainda devem passar por processos de desenvolvimento para serem usadas", explica. Os segmentos de espumas, produção de refrigeradores comerciais e solventes devem ter menos dificuldades, pois já existem alternativas aos CFCs e HCFCs.
Utilidades - Os CFCs ainda estão presentes nos refrigeradores antigos. Nos novos, o gás usado é o HCFC. A mudança foi provocada quando se descobriu que este último era menos nocivo à camada de ozônio. Os CFCs estão presentes, além de refrigeradores, em aparelhos de ar-condicionado, como propelentes de sprays, solventes industriais, espumas isolantes, produtos de utilização na microeletrônica e eletrônica. Agora, as indústrias vão entrar numa segunda etapa de substituição, a do HCFC.
O Brasil ainda usa CFC, mas só para fins medicinais, como as bombinhas para asmáticos e inaladores, mas isso também será abandonado até 2010. Os CFCs, além de prejudicar a camada de ozônio, têm um poder de aquecimento global quase 11 mil vezes maior do que o do gás carbônico. Portanto, a redução de seu uso vai minorar o problema causado pelo aquecimento global.
Antonio Gaspar